terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ela

Ela veio medusa e quis
“vem, nêgo, me usa”
como se eu fosse brinquedo de armar
água mole em pedra dura
e de mim fez armadura
convertida em fé cega e suor.

Ela veio toda em cores
uma profusão de tons e flores
e marcas e cicatrizes e unhas
murro em ponta de faca
eu que apenas rabiscava versos
me vi no meio de uma ilíada.

Ela veio e com ela veios
inflados de fumaça e som
e a boca fresca feito orvalho e manhã
aja duas vezes e pare de pensar
na minha carne derramou o sangue
sagrado fruto e doce troféu.

Ela veio e então não voltou
com ela as horas e quem sabe Deus
e se Deus não sabe o que direi eu
a hora faz o homem
restou eu sozinho e uma linha a mais
faço dela o verso que você não traz.

Um comentário:

ana disse...

versos versus versos
a luta corporal
acaba de começar.