terça-feira, 9 de setembro de 2008

Três da manhã, eu acho

Ela estava ali, deitada, finalmente, as pernas abertas. Eram pernas longas e nelas havia as ranhuras das meias. Seus olhos se fecharam e os seios eram verdadeiros oceanos, continentes, devaneios. Minha boca alcançou aquele mar leitoso e logo seu irmão de sangue. Era gostoso todo aquele sumo, a sensação de carne e glândulas e nervos sendo consumidos.

"Seu filho de uma puta", ela suspirou.

Então comecei a descer via diafragma e o umbigo e a linha negra de pelugem não tardaram a surgir. Suas mãos me empurravam mais pra baixo e a penugem ia engrossando, a voz de Muddy Waters dando as ordens no quarto. A buceta era densa, era escura, na penumbra do abajur era breu e tempero. Fui descendo em direção à ela, as pernas se abrindo e o vermelho sangue quase roxo se revelando ao meu olfato. Assim que pousei, ela acusou com a voz e as mãos, que procuraram o travesseiro.

Meus lábios se encheram de carne e fúria, pêlos molhados e um cheiro sem final.

Ela passou de um suspiro longo a breves silvos. Os dobbermans mudaram de dono e curcunferenciavam uma naja que me nascia dentro da boca. Eu revidava aquela segurança sobre saltos, aquela vastidão de seios, aquele castigo de olhar. A voz, outrora imperial, logo se tornara serva. Eu lhe mostrava que aquela coluna vertebral que a dividia ao meio podia ser vencida, que suas pernas poderiam se dobrar, que às vezes ela iria sufocar e quase morrer achando tudo muito pouco e quase nada, quase nada e ultrapassava o todo.

"Seu filho da puta", outra vez.

Eu não pretendia deixá-la satisfeita antes da refeição principal. Dente por dente, olho por olho. As camisinhas ficaram na calça, caídas no chão da sala.

Deu gosto ver aqueles olhos tão abertos.

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