segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Quase três da manhã

A calcinha era preta, de um algodão impossível. De dentro dela saía uma linha que riscava seu colo até o umbigo de uma pelugem rala. Ela caminhava lentamente em minha direção e Jimi, lá do infinito, destruía castelos de areia.

Chegou bem perto de mim e retomou a posse do baseado. Os olhos, tão vastos, agora se sideravam em terras d'além de nós.

Com o cigarro entre os lábios foi me rodeando, feito uma dança particular, as mãos por vezes deslizando em mim. Beijou-me a nuca, bafejou-me um ouvido de fumaça, decidiu que a minha camiseta era demais e com jeito, me retirou dela. Deixou o fumo em minha mão esquerda e então me mordeu um mamilo. Mordeu como se pudesse me sorver por ali, mordeu e sorriu e beijou.

Aquele fumo, como se não bastasse, era bom. Eu sabia, àquela altura, que não deveria sucumbir a mim mesmo. Eu sabia que estava bêbado, levemente bêbado, há pelo menos três horas. Dei um último puxo no béque e larguei a ponta na mesinha. Ela se incubia de retirar meus sapatos e meias, eu sentia a piroca tensa, o sangue acumulado, seus dentes mordendo o falo por sobre a calça, que não tardou a se abrir.

Vieram os dobbermans, vieram aqueles lábios, veio o calor de seu hálito e a sua língua.

Ela fechou os olhos e seus lábios foram deslizando em direção a mim, enquanto eu sentia aquela sala se transformar num mantra. Os dentes relhavam a carne quando ela refugava e uma de suas mãos me assumiu feito quem tem fome, a outra era apenas unhas. A língua sibilava em minha glande e logo ela tornava a me engolir. Ela gostava de chupar pirocas, ela se deliciava com aquilo, ela sabia dominar a situação.

Ela obviamente não queria terminar ali de joelhos na sala de calcinha com o rosto cheio de porra. Então, ela me deixou suspenso, em meio às minhas calças e se levantou para se virar sem pressa e adentrar naquele infinito de onde vinha a música. A calcinha de algodão e o par de meias arrastão apareceram na porta do quarto e subi os olhos, ela de costas ligava a luz do abajur.

"Se você não tiver camisinha, amanhã eu acordo cedo, tá?", ela disse. Mas eu as tinha e a noite apenas começara.

Nenhum comentário: