O homem velho estava sentado na cama e observava taciturno a moça que se achava ao seu lado, deitada, igualmente nua. A moça não era velha, não igual a ele, decerto.
O homem há algum tempo matutava acerca daqueles bicos dos seios, que eram tão escuros e certamente gostosos, porque fartos. O homem, apesar de velho, não havia tido, nem mesmo quando mais moço - e era considerado moço bonito - tantos bicos de seios expostos a suas vistas e ao alcance de suas mãos. Pertencia a um outro tempo e quiçá a uma outra ética, onde se casava bem cedo e permanecia fiel ao juramento dito à amada em uma igreja cheia de conhecidos. Era a primeira vez que via a olho nu bicos dos seios feito aqueles dois.
O homem estava um pouco constrangido também diante de sua ereção. O falo tão ereto diante daquela moça tão mais jovem o surpreendia, ele que já não se achava mais capaz de tanto. No entanto, não precisou fazer qualquer tipo de esforço sobre-humano para perceber o sexo se enrijecer assim que a moça o abordou no velório de sua falecida esposa, se aproximando dele discreta com seus pesares e seu vestido enlutado que fracassava, fracassava ferrenhamente, na hora de ocultar o contorno de seus quadris.
O homem ficou perturbado mas não conseguiu evitar que seus olhos tentassem buscar, quando ele menos se distraía na dor, no abraço dos filhos e no lamento dos amigos os quadris da moça, que após ter oferecido seu pesar e ter confesso que a falecida Joaquina era muito boa pessoa e deixaria saudades em todos da firma se retirou para um canto onde outras senhoras, não tão voluptosas feito ela, estavam conversando em voz baixa. Ele reconheceu as amigas de trabalho de sua esposa naquele grupo.
O homem percebeu que a moça acompanhou o cortejo até que o corpo de sua Joaquina fosse devidamente depositado no abrigo e as pessoas começaram a deixar o cemitério. A moça parecia realmente muito comovida, mas chorava com discrição. Ele já havia pedido aos filhos e amigos que o deixassem um pouco só por instantes após o enterro ter acabado para caminhar na direção de casa, ele julgou que lhe faria bem uns passos solitários e morava a coisa de vinte minutos dali, quando sentiu que a moça se aproximava dele. Foi ela quem lhe deu o braço e diante desse novo contato, seu pênis não se demorou em renascer caralho.
O homem ouviu a moça renovar seu luto, porque Joaquina era excelente pessoa e nunca havia feito pouco de seu trabalho na firma, pelo contrário, já havia mesmo a defendido diante de um chefe grosseirão e de colegas invejosas. Ouviu mais, o homem, ouviu que Joaquina sempre tinha um sorriso e uma coisa boa para contar dele, o marido, e que ela, a moça, não teria nenhum incômodo em ajudá-lo quando preciso, especialmente nesses primeiros dias difíceis. O homem não encontrou dentro de si (e mesmo fora) resistência ao ato que cometeu sem maior aviso, de tomá-la em braços e beijar sua boca com tal desatino que pareceu um talento natural para ser calhorda. Foi a moça, surpresa ela também consigo, que ao se desvencilhar dos lábios daquele homem velho pronunciou a sentença derradeira: "Vamos lá pra casa, aqui não é seguro".
O homem não esperou que se despissem, sequer esperou o quarto, só esperou que ela trancasse a porta da sala e se voltasse para ele com um sorriso inédito e sem-vergonha. De algum modo chegaram à cama. Antes que ela começasse a se despir, ele lhe levantou a saia e a possuiu com uma força da qual ele não se sabia senhor e a levou ao gozo com uma dignidade que ela poucas vezes havia testemunhado num pau duro. Exausto e asustadiço, ele pediu licença para usar o banheiro, que aliás não sabia onde ficava.
O homem encontrou a moça em decúbito dorsal, já desnuda e ainda mais suculenta, ao retornar à cama. Após minutos sentado na beirada do colchão, ele se despiu igualmente e ficou admirando aquele ser que lhe devolvia a juventude com tanto desvario. Os bicos negros e impossíveis. A piroca novamente tensa.
O homem observou que a moça abriu os olhos e se dirigiu a ele. Sentiu o toque de seus lábios em plena face, bem próximo de um dos seus olhos fechados. O beijo seguinte lhe alcançou a boca, com a língua e todos os dentes, algum batom e alguma força. A mão dela lhe punhetava a pica enquanto os lábios desciam pelo seu torso. Ela lhe mordeu os dois mamilos. Lambeu o umbigo. Segredou que ele era um gostoso de um filho da puta. Disse mais, mas não em seguida. Antes sua língua percorreu com esmero o falo. E a boca mergulhou de volta, sedenta.
O homem percebeu então a voz da moça dentro do seu ouvido confidenciar exatamente nestes termos, sem mais ou menos: "Vou te dar o cu, mas que você não se atreva e repetir o nome de Joaquina novamente quando gozar, seu velho sacana, que eu gosto muito dela".
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