quinta-feira, 17 de março de 2011
Cangote
Ela sonolenta pela manhã e um dia tão frio.
Ela abre os olhos e percebe o tempo fechado, o vento na janela, a vida em reclusão do lado de fora.
Ela se repuxa pro meu colo e resmunga contra o dia tão cinzento.
“Bom dia, meu amor”. Ainda estou dorminhoco e a voz quase inaudível, mas profissionalmente carinhosa - e o profissionalismo não perdoa jamais: a voz emenda a saudação matinal com uma declaração inesperada, mas não inverídica. “Te amo tanto”.
Uma rajada mais forte sacode a janela do quarto, logo ao lado da cama.
Ela procura o ouvido que disponho mais próximo de sua voz e nele segreda, com um gostoso demorar nas entrelinhas, “te amo também, seu bobo”. Ela percebe que tenho um sorriso dela no rosto, mesmo de olhos fechados. Completa sua resposta com uma mordidela no meu pescoço.
E assim desperto de verdade, com seu hálito de mulher me invadindo a boca. Ela se demora no beijo.
Ela clama por beijos impublicáveis. Ela toma a inciativa de fazer daquela manhã de inverno uma noite de solstício.
Ainda tenho tempo de direcionar o ar que deixa meus pulmões e sorrateiramente se vale da minha língua, meus dentes e lábios para alcançar o lóbulo e logo um pavilhão inteiro de um ouvido dela para lá depositar a palavra que a definia em todo: gostosa.
Ela me oferece o cangote desnudo - e, sem demora, muito mais.
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Um comentário:
Rapaz, gostei dessa imagem: "beijos impublicáveis".
Em frente "Defu" autor.
Abç,
Ed.
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