abri a porta do apartamento e ela estava lá. parecia que havia chorado momentos antes, mas não quis me dizer. não quis me dizer muita coisa naquele dia. o apartamento, todo branco, contrastava com seus cabelos escuros, seus olhos escuros.
entrei, fazia calor, peguei um copo de água gelada, demorei a beber. desabotoei a camisa e fiquei com ela assim, aberta. perguntei o que tinha havido.
ela me pediu desculpas, tornando a chorar. aí pediu outras desculpas pelas lágrimas que voltavam a cair.
então disse que estava cansada de chorar e que queria sentir alguma coisa mais forte que o próprio coração. me abraçou e me pediu que a abraçasse bem forte. no seu abraço, ela me tirou a camisa e me roubou um beijo.
dentro do beijo, me pediu uma trepada, tinha uma urgência no pedido, eu deveria ter desconfiado, mas antes de pensar só consegui mesmo foi ficar com o pinto duro do beijo dela, da língua me invadindo a boca, o hálito de mulher.
o chão da sala era de madeira corrida, era frio mas era bonito e tinha a janela da sala, que era enorme, o apartamento era grande e recém-comprado, não tinha dado pra comprar cortinas mas a gente não ligava. fomos nos despindo presos pelas bocas, ela procurando pela paudurescência, minhas mão se enfiando por dentro do sutiã.
ela mordeu, arranhou, me gritou nomes feios. sua pele branca corou e suas narinas dilataram. as lágrimas é que pareciam não secar. diante daquele choro tinhoso, que não cessava, era como se eu houvesse falhado. ela me segurava dentro de si enquanto o pinto murchava banhado de sêmem, suor e ela.
ela disse que estava me deixando. as suas coisas estavam arrumadas no quarto. disse que a culpa não era minha e que não conseguia mais ficar naquele apartamento, não conseguia mais não deixar de querer fugir de nós dois.
nos vestimos calados, aquela sala imensa. segurei na sua mão e disse que ela não podia ir embora assim. pedi pelo menos mais aquela noite.
mas ela disse não. deixou as chaves na porta.
abri as enormes janelas e subi no parapeito. ventava bastante ali pelo décimo andar. um cômico temor se apossou de mim quando me pus de pé diante da cidade, sob um céu sujo mas estranhamente bonito. poucas pessoas circulavam na rua, menos ainda dentro do espaço do condomínio.
havia um sorriso em mim quando me deixei cair.
2 comentários:
Agora sim voltou o Defunto que eu sempre curti... Hahahahaha
sou fã. leio e releio em momentos diferentes da minha vida. permanece profético. muito muito bom.
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