terça-feira, 20 de outubro de 2009

Desvarios

Vem de longe a minha predileção pelos peitos das moças. Tão de longe que não sei precisar muito bem. Talvez por isso eu gostava de imaginar que ela adentrava pelo quarto e sem muitos motivos, tratava de tirar a blusa ou, em delírios mais poéticos, o vestido deslizava corpo abaixo até o chão de fórmica.

Era assim, ela adentrava o quarto e logo estava de calcinha e sutiã, um sutiã rococó, com adornos deixando aquele par melhor do que ele já era por si só. Havia dentro de mim, dentro do devaneio, a fantasia daquele conteúdo que o sutiã prometia. E não que fossem peitos imensos, montes urais. Eram bonitos de ver dentro do conjunto todo, tornavam ela mais bonita, sim, mas não anulavam o restante.

Ela ficava ali, na entrada do quarto e de calcinha e sutiã rococó, e seus peitos prometiam um amanhã melhor e eu acordava. De pau duro, não raras vezes a mão direita já abarcando o pau duro, mas acordava e em segundos a realidade sobrevinha, na forma do rádio-relógio, na forma da solidão.

Mas antes da ausência, havia o sonho e a promessa de peitos tão bonitos. Uma vez aquele sutiã vencido, estariam lá, ambos, leitosos e bicudos. Teriam em si aquela pelugem mínima e arrepiada? Seriam seus mamilos vastos ou mínimos? E o mistério da cor dos mamilos, porque poderiam ser escuros quase negros, róseos quase sangue, meramente translúcidos. E o mistério é que me seduzia, de algum modo que não sou capaz de explicar, apenas sentir.

A vontade, mentira negar, era possuir aqueles peitos, se agarrar a ambos feito ao Santo Graal, decifrar aqueles mistérios na saliva, na língua, et caterva. Mas, ainda que apenas devaneio, ela não se dava para mim, apenas prometia, sorrindo e eu acordava. Conseguia reconhecer nos contornos de sua calcinha, branca feito algodão, as formas de uma mulher que eu gostaria de ter na cama – e em qualquer outro lugar – e no sorriso que vislumbrava por acidente, a promessa de dias melhores. Eu acordava, contudo, sozinho e era isso.

Não havia o desenlace, não havia a revelação física daquele corpo desejado. Porque, esse era o biju, nunca houvera essa etapa, ela se desnudar diante de mim, o que eu tanto queria – talvez tenha pedido pessoalmente um par de vezes, talvez tenha brochado e a memória falha. Eu era capaz de ver os lábios ocultos no mistério da vulva e a bunda graciosa e completa, as unhas dos pés, o silêncio em seus olhos e a risada armada em cada mão. Mas faltavam os peitos e aí de súbito me acontecia de faltar todo o resto, inclusive o sono.

Só me restava acordar e não era fácil, aquela realidade incompleta outra vez.

3 comentários:

Amanda disse...

é ventura sua.
assim, sonho e pau duro pra sempre.

Unknown disse...

Agora sim eu te reconheco. Bom te ler de novo. Bjo.

Praxedes, C. disse...

Belo amigo meu de tanta história! beijosss